segunda-feira, 30 de junho de 2008

A moda alimentar - Convenções das quais eu não participei

Assim como poucos e talentosos estilistas decidem o que o mundo vai vestir e achar “legal”, algumas pessoas decidem quais pratos e ingredientes vão estar na moda. De tempos em tempos algum ingrediente cai na graça do povo e passa a ser utilizado em larga escala.

A azeitona foi a precursora da moda alimentar. Estudos de fósseis demonstram que empadinhas paleozóicas já traziam este ingrediente em sua composição. Até os dias de hoje a azeitona figura no panteão de pratos salgados como uma obrigatoriedade, um acordo tácito entre humanos. Por que especificamente azeitona e não qualquer outra coisa como avelã, jabuticaba ou soja? Muita gente pede pizza em casa e não come as azeitonas, que depois ficam rolando dentro da embalagem vazia como um aviso: “nós estamos aqui! Não despreze as azeitonas!”

Mais recentemente tivemos o fenômeno do tomate seco com rúcula. “Você não gosta de tomate seco com rúcula???”, como se fosse uma velha tradição comer tais ingredientes juntos. Inventaram essa combinação ainda ontem e já tem gente defendendo-a com unhas e dentes!...

O pior modismo, entretanto, é uso indiscriminado de uvas-passas. Tudo leva passas. Desde aperitivos mistos com amendoim passando por doces e chegando ao absurdo de acompanhar até arroz. Sempre me empurraram a referida frutinha desidratada de maneira compulsória. Não tenho nada contra uva-passa, até acho gostoso. O que me incomoda é a maneira pouco democrática de distribuí-las. Daqui a pouco ao pedirmos para calibrarem nossos pneus no posto, teremos que dizer “sem passas, por favor.”

Sinto-me um injustiçado nessa estória toda. Nunca fui convidado para uma reunião para decidir os próximos ingredientes da moda. Eles simplesmente decidem e todo mundo acata, sem resistência, aos novos modismos alimentares.

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