segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Glóbulo canino

Uma amiga minha tem um pinscher, o DeVitto. Outro dia ela veio na minha casa e trouxe seu vertical e horizontalmente desfavorecido cão. Ao me deparar com o "canano", simulei um ataque de pânico. Minha amiga se assustou e perguntou: "Você tem medo de cachorro?" Respondi que não, disse que tinha medo apenas daquele pequeno ser diante de mim. Ela ficou surpresa e perguntou por que. Do alto da minha hipocondria, respondi: " Se esse cachorro cai na minha corrente sanguínea, eu já era!"

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A dualidade do sutiã

Dando início às atividades de 2009, gostaria de falar um pouco sobre o sutiã, esta peça fundamental da indumentária feminina. Inventado pela americana Mary Jacobs, o sutiã teve uma trajetória conturbada. Foi queimado por feministas nos anos 60, teve seu papel social discutido à exaustão e passou por várias reformulações de design até alcançar seu atual status de “arma feminina de sedução”.

O sutiã também é um poderoso indicador do coeficiente de sensualidade de uma mulher. Explico. As mulheres podem ser divididas em dois grandes blocos, as sexualmente ativas e as sexualmente inativas (por opção ou por circunstâncias além de seu alcance). O primeiro bloco utiliza o sutiã como aliado no jogo da sedução. Rendas, transparências, cores ousadas e outros artifícios estéticos estão presentes nos sutiãs das sexualmente ativas. Já o outro bloco, usa o sutiã como um objeto funcional para carregar coisas. Servindo como uma espécie de bagageiro pessoal, o sutiã das sexualmente inativas serve para carregar os mais variados objetos como lenços, maço de cigarro, dinheiro e contas a pagar. Neste caso os sutiãs já não são mais escolhidos pelo seu apelo erótico, mas sim pelo seu tamanho, resistência do material e potencial para carregar objetos com eficácia e segurança. Que atire o primeiro mamilo, quem não conhece alguém que carrega coisas no sutiã.

O sutiã é certamente uma peça polivalente, podendo ser usado para várias finalidades. Se você, cara leitora, estiver usando seu sutiã para carregar coisas, acho que é hora de repensar sua vida sexual, se é que você tem ou ainda quer uma.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Covardes!

Animais já não são empalhados com tanta frequência como antigamente, virou politicamente incorreto. Ainda bem. Só que estão empalhando outras coisas agora, cadeira é uma delas. Para que tanta crueldade com esta peça tão distinta da nossa mobília? Antes de serem empalhadas, as cadeiras são covardemente arrancadas de seu habitat natural e depois assassinadas com requintes de crueldade por seus algozes inescrupulosos e mercantilistas. Tudo para que colecionadores sem sentimentos ostentem os tais objetos em suas salas como troféus em homenagem à sua prepotência.

Os filhotes das cadeiras, os banquinhos, também costumam ser empalhados. Na verdade os banquinhos empalhados são até mais disputados do que as cadeiras. Há quem pague verdadeiras fortunas para ter um jovem e indefeso banquinho empalhado em cima de sua lareira.

Peço que a Sociedade Protetora dos Objetos Mobiliários e Adornos Decorativos tome uma providência! Que se faça a justiça e que esta crueldade acabe de uma vez por todas!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Vamos facilitar!

Memorizo se eu quiser... É gincana agora? Chega de decorar complexas senhas alfanuméricas para saber onde paramos o carro. Como já disse uma vez Jerry Seinfeld, defendo o emprego de frases e palavras de efeito para nomear as vagas de estacionamento. Eis abaixo uma lista de sugestões. Ninguém nunca mais vai perder o carro se estacionar em:

- “Odeio a tua mãe!”
- “Ventríloquo argentino” (todos são argentinos, já repararam?)
- “Se esquecer eu te mato!”
- “Dá uma bitoca no meu nariz” (by Bozo)
- “Você parou aqui, vai tranquilo”
- “Forma de uma vaga de gelo!” (by Zan – Super Gêmeos)
- “Brooke Shields”
- “Chuchu é o quarto estado da água” (sólido, líquido, gasoso e chuchu)

Mundo politicamente incorreto

E se o Homem-Elefante quiser ser porteiro? Preconceituosa ao extremo essa plaquinha aí...

Está tudo perdido...


Acho que desisto... Cansei de tentar defender o ser humano e insistir em dizer que ele ainda tem bom senso. Tentei, juro que tentei entender qual é a relação entre os cachorrinhos e o papel higiênico. Será que alguém em sã consciência vai comprar um rolo de papel higiênico só porque na embalagem tem a foto de uns cachorrinhos fofos? Tem que ser muito tonto para cair neste golpe sujo dos Lex Luthores da propaganda.

Essa tática de usar bichinho bonitinho para vender de tudo já passou dos limites! Pô, até papel higiênico? Vamos acabar com a propaganda então! Sugiro abolirmos todas as agências de publicidade do planeta e fica estabelecido que para vender qualquer coisa basta botar uma foto de cachorro fofo. Eis uma pequena lista de produtos que vão começar a usar fotos de cachorro nas embalagens/campanhas:

- cimento
- arame farpado
- ácido sulfúrico
- implementos agrícolas
- cortador de unha
- absorvente íntimo
- enxaguante bucal
- desodorizador de ambientes
- lápis nº 2
- pomada para frieiras
- berimbau

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Fantásticos produtos de dupla função

Porta guarda-chuva... Extremamente prático e inteligente este novo produto. Está chovendo? Arranque a porta e use-a como guarda-chuva. O problema é saber se as pessoas terão força para levantar a porta acima da cabeça para se protegerem da chuva. Não sei, mas algo me diz que essa idéia não vai dar muito certo.

Estranhas proibições...

Traduzindo a placa: Proibida a entrada de homenzinhos de círculo-crânio verde.

Nunca vi um homenzinho de cabeça verde. Caso apareça algum, já está proibido de entrar... É o cúmulo da prevenção.

É velho ou é novo?

Estamos no início de outubro e os supermercados oferecem panetones a preços bem salgados. A grande dúvida é: já ou ainda? Esta oferta de panetones se trata da desova de estoques encalhados do Natal de 2007 ou são estoques novinhos em folha? Na dúvida, cheque o prazo de validade.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Achei...

Para quem estava com dificuldades para encontrar Michal Negrin, problema resolvido!

E aí, dá para encarar?

Na linha vanguardista do Sorvete Kent (quem se lembra?), lançaram a coxinha doce. A partir de agora não me espanto mais com nenhum lançamento da indústria alimentícia.

Agora chegou a nossa vez!!!!

Até que enfim a indústria automobilística tomou vergonha na cara e colcocou um preço justo num veículo. Chega de cobrar R$ 30 mil por um mequetrefe carro popular com motor 1.0 e com o interior todo de plástico, lembrando um Velotrol.
Agora com 24 suaves prestações de R$ 0,49 você pode adquirir um modelo tipo off-road!!! Já comprei o meu, e você?

Que as coisas continuem assim e que essa justiça de preços se estenda para os imóveis! Num futuro próximo veremos anúncios de apartamentos de 200 metros quadrados custando R$ 450. Quem disse que o Brasil não é um país justo e com oportunidades para todos?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Cheio de não me toques...

Não tocar, quanta frescura... Vamos fazer coisa muito pior que é morder, mastigar, digerir e evacuar esse pão. Não entendo esse excesso de zelo por uma coisa que já tem um fim trágico anunciado.

Esse aviso é primo do "proibido pisar na grama". Já que é proibido tocar nos pães, como eles foram colocados ali na prateleira? Em algum ponto entre a produção e a exibição na prateleira, alguém teve que desobedecer a ordem e pegar os pães com as mãos! A não ser que essa padaria seja de algum mágico ou ilusionista que transporta os pães por levitação.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Corredores, uma classe intrigante

A figura do corredor sempre me intrigou, principalmente agora que tenho acompanhado os Jogos Olímpicos de Pequim. Eles correm do quê e para quê? Se voltássemos uns 700 anos no tempo e disséssemos que no futuro as pessoas (exceto os gregos) correriam por pura diversão ou esporte, seríamos queimados vivos nas fogueiras da Santa Inquisição. Para mim, correr, é apenas uma forma de fugir de alguma coisa ou de salvar a vida. Antigamente o homem corria de inimigos naturais que por ventura poderiam tirar sua vida, como o tigre-de-dentes-de-sabre e outros predadores vorazes.

Dizem que correr e andar faz bem ao coração, sendo assim pergunto: carteiro é imortal? Sim, porque se apenas correr ou andar fosse o santo remédio para o músculo da vida, os cardiologistas apenas diriam para seus debilitados pacientes: "Sr. Jarbas, vejo que seu miocárdio está muito comprometido. Aconselho o senhor a virar carteiro para aumentar suas chances de vida. Peça para os Correios para fazer suas entregas postais na rota Vila dos Remédios/Carapicuíba. Em duas semanas sentirá uma sensível evolução."

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Família feliz por R$ 39,00

Chegamos ao ponto máximo da carência afetiva que assola o mundo pós-moderno. Agora vendem por aí porta-retratos com fotos de famílias felizes, caso você não tenha uma ou caso a que você tem não seja lá essas coisas.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A arte de batizar doces caseiros


Os doces caseiros são maravilhosos, não só pelo sabor único e apurado, mas pelos nomes intrigantes e originais. Quem nunca comeu um olho de sogra, pé de moleque, baba de moça ou bicho de pé e se perguntou de onde diabos tiraram esses nomes? Sensibilizado pela causa dos nomes curiosos de doces caseiros, preparei uma lista de novos doces que podem fazer sucesso e manter esta linda tradição secular:

fungada de militar
joanete de maratonista
anjinho expectorante
placentinha empanada
sovaco de ventríloquo
pus doce
cotovelo de balconista
verruga de costureira
catapora de sagu
próstata de padre
caspinha de coco
suorzinho de buço
chuletão doce
emprenha moça


Um detalhe preocupante sobre a aceitação dos doces caseiros no século XXI é a mesa de sobremesas de restaurantes tipo buffet. Vemos aquela infinidade de doces como bolos, tortas, sorvetes, brownies, petit gateaus... Bem lado dessas maravilhas vemos, intocados, aqueles potes com doce de figo em calda, doce de abóbora, doce de batata doce, bananada. É triste, mas convenhamos, não dá para botar lado a lado um bolo de chocolate e doce de figo! 100% das pessoas vai preferir o bolo! É concorrência desleal!

Mistérios dos Correios

Mesmo na era da internet os bancos adoram mandar o nosso extrato pelo correio. Esta, para mim, é a correspondência mais inútil que alguém pode receber, mais do que cartãozinho de aniversário daquela loja que você comprou um par de meias em 1993 e que até hoje cisma em te parabenizar todo ano. Extrato via correio é quase como uma relíquia histórica, pois mostra um panorama que não existe mais. Você já está no fim do mês, quase raspando o tacho, e aí chega aquele extrato todo bonitão do início do mês. Quando o extrato por correio chega, eu nem me dou ao trabalho de abrir, picoto e jogo fora. Quantas árvores seriam salvas se os bancos parassem de mandar esse maldito extrato via correio?

O legal é olhar atrás do envelope do banco e ver que há algumas alternativas para o carteiro preencher caso a correspondência não possa ser entregue: “Mudou-se”, "Falecido", “Ausente”... O mais fantástico é a opção “Recusado”. Fico imaginando o que teria dado origem a esta opção: “Saia daqui carteiro, você e esse extrato imundo e velho!!! Me recuso a receber este lixo de envelope!!! O carteiro sai chorando: “Mais um que recusa correspondência bancária...”

Há também a curiosa opção "Desconhecido". Como assim? Com esta opção, o banco atesta que nem sempre sabe para quem está mandando correspondência. Eis o que provavelmente acontece no departamento de correspondências para clientes (deve ter um, claro): "Precisamos bater a meta de entregas de extratos via correio! Inclui aí no mailing um monte de nomes! Tenta Adalberto Stanislaw de Anhanguera..."

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Era só o que faltava

Realmente era só o que me faltava. Fiz um download de um antivírus para proteger meu computador e eis que sou alertado que o antivírus pode conter vírus! Não se fazem mais antivírus como antigamente...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Embalado sem contato manual

Outro dia comprei um pacote de pães de queijo congelados e fiquei pensando sobre uma frase que já vejo há tempos estampada na embalagem de diversos produtos alimentícios: "Embalado sem contato manual".

Notem que esta frase nos protege apenas contra o contato manual de humanos, mas não impede que chimpanzés, calopsitas, papagaios, lêmures, suricatos, cachorros, hienas, ursos, ETs, porcos ou pandas adestrados tenham embalado o produto. Para termos realmente certeza de que o produto alimentício é imaculado e não foi manipulado de forma alguma, sugiro aos fabricantes que utilizem o seguinte texto em suas embalagens:

"Produto embalado sem contato manual humano de qualquer filo, forma, credo, raça, classe social, orientação sexual ou política; bem como sem contato de qualquer forma de vida dos reinos animal, vegetal ou mineral, sejam eles organismos pluri ou unicelulares. Para os que acreditam, este produto também não sofreu contato de nenhuma espécie que habite nossa ou qualquer galáxia do espaço sideral, seja ele um Wookie, um Sith ou um Kriptoniano."
Produto X, o verdadeiro elo entre você e Deus."

terça-feira, 22 de julho de 2008

Ambulâncias e a falta de bom senso

Segundo a ABP (Associação Brasileira de Pacientes), 35% dos doentes transportados em ambulâncias ficam surdos e 100% dos motoristas de ambulâncias são completamente surdos. Não é de se espantar, já tentaram ficar perto de uma ambulância com a sirene ligada? Uma experiência completamente atordoante. Agora imaginem como se sente o pobre do doente que está lá dentro e é obrigado a aguentar a sirene durante todo o trajeto. É por isso que pedem silêncio dentro dos hospitais, os coitados dos doentes tiveram seus tímpanos fustigados pela sirene e agora precisam de calmaria absoluta. Na verdade, acho que os hospitais foram criados para tratar dos transtornos auditivos e psicológicos causados pelas sirenes.

Outro dado interessante é que o horário em que as ambulâncias estão à toda é justamente a hora do rush entre 17h e 19h. Isto quer dizer que as pessoas passam mal por volta desse horário. Não seria melhor e mais conveniente passar mal em outro horário? Talvez de madrugada, quando não há ninguém nas ruas e chega-se muito mais rápido ao hospital? Nesse caso talvez nem precisem ligar a sirene da ambulância. Até para passar mal tem que ter bom senso!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Apoio ao evolucionismo

Adão e Eva? Prefiro ser um macaco evoluído a ser descendente de uma massa de barro com costelas, sinceramente. Adão era quase tecnicamente uma telha, uma moringa, um filtro de água Pozzani ou um cupinzeiro. Eva era apenas feita da costela dele, ou seja, também não era grande coisa. Ser descendente de um macaco hominídeo é muito mais negócio! Eles têm sistema imunológico, cérebro, polegares opositores...


Fragmentando os parentes

"E a perna da vó, tá melhor?", "E o pé do tio, sarou?", "E as costas da tia Marlene, ainda doendo?" , "E a mão do Juquinha, quebrou mesmo?"

Sempre nos referimos a partes específicas de nossos parentes e amigos quando algum deles está com problemas de saúde. Não os consideramos como seres completos. Que sacanagem! Quando vamos aprender a tratá-los com dignidade e respeito? Por isso que vivemos nesta sociedade superficial que só valoriza partes: bundas, peitos, pernas... O ser humano é mais do que isso, é um cojunto de várias coisas. Consideremos o conjunto!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Tomou?

Sabem que somos os únicos animais que depois de adultos bebem o leite de outros animais? Um dos alimentos mais comuns e largamente consumidos entre os humanos é o leite da vaca. Um animal que tem poucas semelhanças com o homem, com exceção de serem também mamíferos e de às vezes dizerem “mú” . O mais estranho nesta estória é que todo ser humano acharia uma incongruência e até nojento beber leite humano depois de crescidos e acham perfeitamente normal beber o leite de um mamífero ruminante de meia tonelada. Vamos inverter a situação, nunca vi nenhuma vaca bebendo leite humano. Garanto que elas não se interessariam nem um pouco...

Já que queremos beber leite depois de crescidos, acho que seria mais óbvio bebermos leite humano. Que tal montarmos rebanhos de mulheres leiteiras dispostas a fornecer seu néctar nutritivo para toda a humanidade? Imaginem as famosas caixinhas de leite longa vida com lindas mulheres leiteiras estampadas no rótulo! Um dos empregos mais disputados seria o de ordenhador.

O mundo encantado da aviação civil



Viajar de avião é uma experiência interessante. Não só o voar em si, mas todo o processo que envolve a viagem de avião. Os aeroportos nos mostram um mundo mágico de idiossincrasias:


Indo para o aeroporto

São 6h59 e estou dentro do táxi, já nos domínios do aeroporto e angustiado com o engarrafamento para chegar ao portão de embarque. Enquanto o motorista discorre sobre seu plano infalível para combater de uma vez só a violência, a fome e o aquecimento global, noto como os taxistas gostam de fazer customizações audaciosas em seus veículos. Sejam fusquinhas da década de 70 ou sedans de luxo novinhos em folha, sempre tem alguma gambiarra que nos fascina. A desta vez era uma lâmpada fluorescente colocada bem porcamente no teto do carro, que dava ao cockpit uma iluminação similar a de uma farmácia. Pergunto ao motorista se a lâmpada original do carro era muito fraca e ele me diz: “Sabe como é, os clientes são exigentes e sempre querem uma novidade. Tenho que inovar sempre, senão fico para trás... Um colega meu prepara pipoca com o acendedor de cigarro e oferece de graça aos clientes. Um dia eu chego lá.”

Meu vôo está marcado para as 7h30 e não vejo possibilidades concretas de descer do táxi pelos próximos 10 minutos. São centenas de táxis tentando dividir uma rua de duas pistas magricelas. Muitas das pessoas que viajam de avião chegam de táxi e sozinhas ao aeroporto. Ou seja, para cada passageiro de cada avião, há um carro do lado de fora do aeroporto. Não faz muito sentido.


Celebridades

Sempre no mesmo vôo que você, especialmente se for da ponte aérea, haverá alguém famoso por perto. Vemos nos aeroportos um grande desfile de celebridades em estado bruto. Chego a ficar assustado com a real aparência de muitas delas. “Demorei para reconhecer... Então isso que é a fulana de tal??” A televisão e as fotos bem produzidas que vemos nas revistas são amplamente generosas com certas figuras. Acabo me sentindo ludibriado, como quando vamos a um fast-food e ao abrirmos a caixinha do sanduíche vemos lá dentro uma coisa mirrada, amarfanhada, torta e seca. Muito diferente da provocante e bela foto do cardápio.

Gostaria também de saber como os famosos fazem para entrar no avião sem fazer check-in e sem esperar na sala de embarque. Eu só os vejo dentro do avião já sentados e quase sempre de óculos escuros, ou no máximo subindo ou descendo as escadinhas de acesso à aeronave. Devem vir escondidos no caminhãozinho que traz as malas...


Destinos imaginários e o locutor tenebroso

Em Congonhas o cara que anuncia os vôos me dá medo. Sua voz gutural é uma mistura do Zé do Caixão com o Gil Gomes. Muito intimidador, principalmente porque para muitas pessoas a experiência de voar já é assustadora o bastante. O locutor faz questão de enfatizar a palavra “destino” quando faz a chamada dos vôos. Os mais assustados já ficam pensando que ele vai emendar um “incerto” ou um “desgraçado”. Deveriam trocar o locutor de voz horripilante por aquelas contadoras de historinhas infantis. Seria bem mais simpático e daria confiança às pessoas. Imaginem que diferente seria se uma voz doce tomasse conta do aeroporto dizendo o seguinte texto: “Oi Amiguinhos! O vôo 1234 para o Rio de Janeiro vai sair agorinha mesmo! Espero vocês no portãozinho número 12. Na sala de embarque vamos nos divertir à beça e depois viajar de aviãozinho. Uóónn..."

O que também me chama a atenção são os vôos enigmáticos. Já cansei de ouvir anunciarem o vôo para Navegantes. Fiquei observando e constatei que ninguém nunca se dirige ao portão de embarque anunciado para o vôo para Navegantes. Na verdade nunca conheci ninguém que fosse desta cidade ou que tivesse comentado comigo: "Semana passada eu estive em Navegantes..."

Acho que tudo não passa de invenção dos aeroportos para nos dar a sensação de que vários vôos estão saindo e que tudo está funcionando perfeitamente. Seria uma forma de não deixar que a gente repare que o nosso vôo está atrasado.


Refeições na aeronave

Quase todo vôo comercial tem alguma espécie de serviço de bordo. Minimalista ou não, sempre há um cardápio e acabam servindo algo para enganar o estômago. Nada mais natural do que estar sentado numa poltrona e comer alguma coisa. Quase nunca paramos para pensar que estamos a 10 mil metros de altitude e a uma velocidade de cruzeiro média de 700 Km/h. Quando percebemos isso, começamos a pensar o quão estranho é estar nessas condições e ainda por cima comendo. Mais estranho ainda é o ponto de vista de alguém que está em terra e avista um avião lá no céu. "Olhá lá o avião. Já parou para pensar que ali dentro daquele treco tem pessoas comendo neste exato momento?"

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Obrigado por avisar!

Vendo este recado que estava no vidro traseiro de um Gol "bolinha" 1995, aproveitei a chance para bater um papinho pessoalmente com JC. Ele estava parado em fila dupla esperando Santa Edwiges, que tinha dado um pulinho na quitanda para comprar giló. Reiterei meu respeito por Ele e papeamos amenidades por uns cinco minutos. De uma sapiência descomunal, JC opinou sobre o costume das pessoas de comprarem roupas de cama estampadas. Segundo Ele, não há sentido algum nas roupas de cama estampadas, pois as pessoas estarão de olhos fechados e dormindo dentro de um quarto escuro. Ou seja, não poderão apreciar as estampas. Sugeriu que todas fossem lisas, faria muito mais sentido.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Secador elétrico de mãos

Talvez seja a invenção mais descabida da história da humanidade. Quanto de energia deve gastar um treco desses? Você fica ali por mais de um minuto até que as mãos fiquem completamente secas. Gastar essa energia toda é menos nocivo para o meio ambiente do que usar papel para secar as mãos? Duvido.

Se o conceito é secar as mãos com vento, basta alargar as janelas. As pessoas ficarão com as mãos para fora até secar e ainda por cima podem bater um papinho ao longo do processo. Uma idéia ecologicamente correta, pois desta forma não há gasto de energia nem de papel.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Macrobiótica, um micro detalhe

Se existe a macrobiótica deve existir a microbiótica, certo? Pela lógica, se alguma coisa é chamada de macro é porque existe uma versão micro desta mesma coisa! Caso contrário teriam chamado este tipo de comida apenas de biótica, sem entrar no mérito se é macro ou micro.

O que seria comida macrobiótica? Diria que é todo tipo de comida que pode ser visto a olho nu. Consegue ver? Então é macrobiótica! Já a microbiótica, caso exista, seria todo alimento microscópico. Precisou de um microscópio para ver? Então é microbiótico! Simples assim.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Onde jogo isso aqui, afinal?

Apoio e acho que a reciclagem de lixo é fundamental para a preservação do nosso planeta. A única coisa que me incomoda é quando fico na dúvida sobre onde jogar determinados tipos de lixo. Esse treco é papel, metal ou plástico? Quem nunca se viu numa situação dessas, que atire a primeira pedra... reciclada.

Comi um chocolate e depois não soube em qual dos latões jogar o invólucro! Com o avanço das tecnologias e do desenvolvimento de novos materiais está cada vez mais difícil distinguir o que é papel, metal ou plástico. Na dúvida, botei o lixo no bolso e ainda não joguei fora. Vai ficar lá até eu descobrir do que ele é feito.

Além do papel, metal, plástico, vidro e orgânico, voto pela inclusão de mais uma categoria para o lixo reciclável: "Não tenho a menor idéia do que seja isso aqui". Seria um sexto latão, transparente talvez...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Eu prometo não prometer (crônica de Thiago Pellegrin)

De acordo com pesquisas recentes do (CUCUC) Centro Universal de Comunicações Ultra Celestiais, o call center que atende a todos os santos não está dando conta de tanta reza, promessa e ladainha. Talvez seja sinal dos tempos, mas nunca se rezou ou se prometeu tanto quanto hoje.

Dona Yolanda é minha vizinha e mora no 33. Sempre que pego o elevador com ela, me conta que é devota de Santo Ambrósio e que acabou de fazer uma promessa nova para ele. Para se ter uma idéia, no último trimestre, a distinta senhora já fez 212 promessas para o santo. Isto dá a fantástica média de 2,35 promessas por dia (contando os dias úteis, os inúteis e os feriados). Coitado, Santo Ambrósio está fazendo do pâncreas coração para poder atender aos incessantes e cada vez mais audaciosos caprichos da Dona Yolanda. Mesmo que estruture uma agenda infalível e conte com assessores especializados em negociação avançada de promessas, o pobre santo não vai dar conta sequer dos pedidos da Dona Yolanda. Com tanto estresse e correria, Santo Ambrósio vai acabar tendo uma estafa ou ficando com uma úlcera bem das doloridas. Posso até ouvir os comentários:
"Carminha, você viu que o Santo Ambrósio foi internado às pressas?"
"Meu Deus, o que aconteceu? Não vai dizer que a Yolanda do 33 sobrecarregou o coitadinho de novo..."
"Que descarada! Agora vou ter que começar a prometer para o Santo Etelvino, que é o único mais livre ultimamente."
"O problema com o Santo Etelvino é que ele não tem o certificado de ISO 100.000 e nem conta com uma estrutura baseada em supply chain! Ele demora até uma semana para atender uma simples promessa de passar filho em recuperação da escola... Assim não vai dar."

O crescente número de promessas só não é mais alarmante do que as contrapartidas de baixo valor que estão sendo ultimamente propostas aos santos em troca de graças e milagres. Esse tal de "eu deixo de tomar refrigerante por um ano" ou "não como mais chocolate por uma semana" estão dando nos nervos dos santos em geral. Tanto que na semana passada convocaram uma reunião de emergência com o Todo Poderoso só para discutir esta questão e votar um novo sistema para remuneração dos sacro-serviços. Pelo jeito Ele tem andado bem fulo da vida com o descaramento de seus filhos e proibiu qualquer santo de prestar serviços pela aí em troca de promessas, segundo Ele, destituídas de moral. De agora em diante é só para atender promessas daqueles que se comprometem a ajudar ao próximo ou se engajam em alguma causa nobre como o desarmamento, o combate ao aquecimento global ou a extinção das uvas-passas.

"Precisamos valorizar nossa categoria! O próximo que conceder graças em troca de promessinha amoral, vou mandar lavar as latrinas celestes! Sem vassoura!!! Já que castigar as pessoas não adianta mais, já mandei todos os castigos possíveis e elas acabaram se acostumando com todos, vou começar a cortar as asinhas de santo por aqui!" Disse o Todo Poderoso, visível e sonoramente alterado.

"Mas meu Senhor, conceder graças está no nosso job description. Não podemos simplesmente parar com as graças, seria a derrocada do Sistema Celestial!" Ponderou o articulado São Clemente.

"OK, conceda graças, mas não conceda de graça!!! Ah, e chega desse negócio de acordo tácito! De agora em diante quero cada promessa formalizada por escrito, deixando muito claro qual foi a graça solicitada e a contrapartida oferecida!" Finalizou Deus, categoricamente do alto de sua plenitude onipresencial.

Só mesmo muita pachorra leva alguém a pedir um milagre em troca de deixar de comer chocolate. O que o santo tem a ver com isso? O que o santo, a humanidade ou o cosmos ganham com isso? Eu, se fosse santo, só de birra nem me daria ao trabalho de ajudar alguém que me oferecesse ficar sem tomar refrigerante. Faria uma aparição e diria: "Vai ficar sem tomar refrigerante? E daí? Problema seu! Estou aqui tranquilão na minha nuvenzinha, e você me aciona em troca dessa promessa ridícula? Vai ficar querendo!"

Se alguma pessoa nos faz um grande favor, ficamos todos agradecidos. Telefonamos para agradecer, mandamos flores, convidamos para jantar e etc. Agora, quando entramos em contato com o divino para pedir um favor, o que damos em troca? Ficamos sem comer chocolate e sem cortar o cabelo por seis meses! Experimente oferecer isso a qualquer um por aí, corre-se o risco de levar umas bordoadas! Chega de fazer pouco caso de santo. Nem o desapegado São Francisco concederia uma graça por tão pouco. E como diria o Sr. Zé Purgo lá da granja, "Tem gente que está abrindo mão de ser bondoso demais em vida só para não correr o risco de virar santo e depois ter que ficar atendendo promessas idiotas..."