sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Kombi Surrealista

Brasileiro sabe improvisar magistralmente, nascemos com este dom divino e ninguém tasca. Somos tão hábeis na improvisação de assuntos cotidianos como John Coltrane era com seu saxofone. Em muitos casos a improvisação atinge níveis extremos, resultando na gambiarra, vulgo método irresponsável e completamente inapropriado de se fazer alguma coisa. Brasileiro é de vanguarda, descontextualiza, inventa, quebra paradigmas. Infelizmente nem sempre essa capacidade toda é voltada para construir coisas boas, mas essa é uma outra discussão para a qual chamarei Lex Luthor para participar. Se cada país fosse uma corrente artística, o Brasil seria a forma mais pura de surrealismo.

Nesse caso aqui transformaram uma Kombi, um lendário utilitário, em caminhão de lixo. Se eu parasse para conversar com o dono do veículo, provavelmente ficaria sabendo que recolher lixo é apenas uma das diversas atividades realizadas com o tal utilitário. Afinal, é preciso ganhar a vida e uma Kombi pode ser uma boa fonte de renda caso o dono saiba como utilizar seu potencial ao máximo. Vejam como seria a atarefada semana da Kombi:

Segunda-feira: Serviço de transporte de material do Centro de Estudos Avançados sobre Ébola e SARS da América do Sul
Terça-feira: Transporte de hortifrutigranjeiros de um produtor na região de Suzano para o CEAGESP
Quarta-feira: Serviço de ônibus escolar para a Escola Estadual de 1º e 2º grau Dr. Stromboli Pancrázio de Albuquerque
Quinta-feira: Coleta de lixo e dejetos hospitalares
Sexta-feira: Serviços de transporte de idosos para a Casa de Repouso Gil Vicente
Sábado: Serviço de carrocinha e apoio ao centro de zoonoses coletando animais que tenham sido expostos a radiação
Domingo: Venda de dogão prensado e churrasquinho na porta do estádio do Morumbi

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