segunda-feira, 30 de junho de 2008

A moda alimentar - Convenções das quais eu não participei

Assim como poucos e talentosos estilistas decidem o que o mundo vai vestir e achar “legal”, algumas pessoas decidem quais pratos e ingredientes vão estar na moda. De tempos em tempos algum ingrediente cai na graça do povo e passa a ser utilizado em larga escala.

A azeitona foi a precursora da moda alimentar. Estudos de fósseis demonstram que empadinhas paleozóicas já traziam este ingrediente em sua composição. Até os dias de hoje a azeitona figura no panteão de pratos salgados como uma obrigatoriedade, um acordo tácito entre humanos. Por que especificamente azeitona e não qualquer outra coisa como avelã, jabuticaba ou soja? Muita gente pede pizza em casa e não come as azeitonas, que depois ficam rolando dentro da embalagem vazia como um aviso: “nós estamos aqui! Não despreze as azeitonas!”

Mais recentemente tivemos o fenômeno do tomate seco com rúcula. “Você não gosta de tomate seco com rúcula???”, como se fosse uma velha tradição comer tais ingredientes juntos. Inventaram essa combinação ainda ontem e já tem gente defendendo-a com unhas e dentes!...

O pior modismo, entretanto, é uso indiscriminado de uvas-passas. Tudo leva passas. Desde aperitivos mistos com amendoim passando por doces e chegando ao absurdo de acompanhar até arroz. Sempre me empurraram a referida frutinha desidratada de maneira compulsória. Não tenho nada contra uva-passa, até acho gostoso. O que me incomoda é a maneira pouco democrática de distribuí-las. Daqui a pouco ao pedirmos para calibrarem nossos pneus no posto, teremos que dizer “sem passas, por favor.”

Sinto-me um injustiçado nessa estória toda. Nunca fui convidado para uma reunião para decidir os próximos ingredientes da moda. Eles simplesmente decidem e todo mundo acata, sem resistência, aos novos modismos alimentares.

Tráfego e férias escolares

Inevitavelmente, quando chegamos ao início de julho, alguém vem e fala: “Com as férias escolares o trânsito dá uma boa aliviada...” Não entendo, pelo que sei crianças não dirigem. Ou pelo menos não deveriam.

O grande erro do inverno - Camisetas perigosas

Quando o inverno chega, um certo costume perigoso fica em evidência. Existem pessoas que usam a camiseta que dormiram por baixo da roupa que usarão durante o dia. Elas pensam: "Tá um baita frio. Vou usar por baixo da minha roupa esta camiseta que usei para dormir ! Duvido que precise tirar a blusa. Ninguém nunca vai saber que estou usando esta camiseta por baixo de tudo..."
Ledo engano! Numa determinada hora do dia todo aquele frio sentido pela manhã se transforma num insuportável calor vulcânico que obriga o sujeito a tirar a blusa de lã e deixar à mostra aquela camiseta horrenda, mas muito confortável diga-se de passagem, que está por baixo. Revelam-se então detalhes importantes de seus gostos e da sua vida pessoal:

- DEDOS ENFURECIDOS – TURMA DATILOGRAFIA 1984

- PESQUEIRO TILÁPIA DOURADA. EU FUI.

- QUENTÃO (camiseta pintada à mão para aquela Festa Junina na qual você foi recrutado para trabalhar)

- TATU IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS – HÁ 50 ANOS ARANDO ESTE BRASIL!..
- BAR E LANCHES DRIBLE CERTO
- BEBA MALT 90
- MENUDO – WORLD TOUR ‘85
- EXPERIMENTE ZAMBINOS! UM LANÇAMENTO ELMA CHIPS
- PARTICIPEI DA 20ª CHURRASCADA DA ALEGRIA EM VALINHOS
- REALCE - GILBERTO GIL FÃ CLUBE.
- Camiseta com uma seta apontando para baixo (Da época em que você era todo engraçadinho com as meninas da escola).
- LEMBRANÇA DE NAZARÉ PAULISTA, SP

Você fala calourês?

Sempre me fascinou assistir a programas de calouros. Não que eu ache que esses programas sejam bons, apenas gosto do aspecto bizarro e de sentir vergonha pelas outras pessoas que estão ali na TV fazendo um papel questionável diante de milhões de telespectadores. Gosto de ver por maldade pura, na verdade.

Impagáveis são aqueles que vão cantar músicas em inglês (quase sempre da Mariah Carey ou Celine Dion) e não necessariamente falam ou pelo menos compreendem um pouco o idioma de Shakespeare. O resultado é uma coleção inestimável de pérolas fonéticas. O curioso é que algumas expressões aparecem com mais frequência do que outras e poderiam até servir para criar um novo dialeto: o calourês. Eis alguns exemplos campeões e suas prováveis equivalências:

Arrêin (rain?)
In máin láin (in my life?)
Pipo (people?)
Mái lô (my love?)
Tchu Guéda (together?)
A loviú (I love you?)

Usando os fonemas como peças de quebra-cabeças, podemos formar frases musicais de impacto como:

Pipo tchu guéda in máin láin...
A loviú mái lô...
Pipo arrêin a loviú...
Tchu guéda a loviú mái lô...
Arrêin in máin láin, pipo, pipo...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Coma rápido, ou arque com as consequências

Ontem pedi comida chinesa em casa e fiquei pensando sobre uma instrução impressa nas embalagens que sempre me intrigou: "Consumo imediato". Cheguei à conclusão de que é impossível seguir esta recomendação literalmente, a não ser que você seja o próprio cozinheiro que fez a comida! Já que não dá para estar lá no restaurante do lado da panela e a comer imediatamente após seu preparo, acho que este tipo de comida deve ser consumido imediatamente no momento da entrega, ainda na porta e na frente do entregador.

Para que o consumo imediato, afinal? E se eu demorar uns 5 minutos até começar a comer a comida chinesa que chegou pelo delivery? O que vai acontecer? Por que só a comida chinesa via delivery traz esta recomendação? Pizzas não têm que ser consumidas imediatamente! Aliás, nada melhor do que pizza amanhecida requentada na frigideira. Será que lá na China todos comem imediatamente após a comida ser preparada? Deve ser um tal de boca e esôfagos queimados que eu vou te falar!

Obs: Notem que comida chinesa na China é apenas chamada de comida. Assim como arroz à grega na Grécia é apenas arroz e bife à milanesa em Milão é apenas bife.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Mansão fecal

Este casarão da mais alta estirpe envolto por um impecável e simétrico jardim, realmente aguça nossa curiosidade. Seria a residência de campo da realeza inglesa nos arredores de Surrey? Seria o refúgio bucólico de algum magnata da internet no sul da Califórnia? Seria uma reedição em grande estilo das termas romanas? Não meus caros, trata-se de um laboratório de análises clínicas plantado bem no coração da cidade de São Paulo. Quanta pompa para alojar potinhos com urina, fezes e outras excretas! Tem potinho de cocô vivendo nababescamente enquanto famílias nem têm onde morar. As diferenças sociais no nosso país atingiram patamares surreais. Tem gente fazendo exame de fezes só para ter parte de um sonho realizado: "Eu nunca poderia ter ou ficar numa casa tão bela como essa, mas pelo menos meu cocô vai passar um fim de semana inesquecível aí dentro..."

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Os adoráveis mini-pôneis

Quando era criança, lembro que mini-pônei estava na moda. Aquelas Expos de animais sempre anunciavam que a molecada podia dar uma voltinha de mini-pônei e no final ganhavam peixinhos e pintinhos grátis. Politicamente incorretíssimo nos dias de hoje essa coisa de dar peixinhos e pintinhos. Os peixinhos até que duravam, os pintinhos, coitados, morriam feito moscas. Não conheço nenhum pintinho grátis que tenha tido tempo ou a sorte de virar uma galinha ou um galo, todos morriam na infância.

Voltando para mini-pôneis, ninguém nunca mais falou deles. Onde estão os equinos eumétricos, ou vulgo mini-pôneis? Na verdade eu acho que nunca vi um ao vivo, começo a desconfiar da existência deles. Que coisa mais estranha, o mini-pônei é a versão miniatura de um pônei, que por sua vez é a versão miniatura de um cavalo, que por sua vez é a versão miniatura de uma girafa. É a miniatura da miniatura da miniatura. Mini-pônei é quase um ser microscópico, deve ser por isso que não os vemos por aí. Quando for fazer exame de sangue, vou perguntar se eles podem entrar na nossa corrente sanguínea. Imaginem o médico falando: "Dona Tereza, a senhora está com mini-pônei no sangue. Você foi a alguma Expo de animais recentemente? Deve ter se infectado lá..." Não possuímos mini-pôneis, somos infectados por eles.

Um dos meus sonhos de criança era ter um mini-pônei. Meu argumento era, "É menor do que um cachorro! Dá para criar no quintal! Deixa eu ter um, vai mãe!" Em homenagem ao meu sonho infantil, compus o "Funk do mini-pônei":

Eu quando criança era muito sorridente
Só que eu queria um presente diferente
Um mini-pônei... (é para brincar)
Um mini-pônei... (deixa eu te amar)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Kalimá Shoptidê!!!!

Ontem passei na frente de uma concessionária de veículos que fica próxima ao meu escritório. Esse totem de lona movido a ar imediatamente despertou meu desejo por um carro novo! Foi só avistá-lo que corri para dentro da loja e pedi o modelo de luxo mais caro. O negócio seria feito caso não tivesse faltado luz e desligado o totem no exato momento em que entregava meu cartão de crédito. Acordei do meu transe e perguntei: "O que estou fazendo aqui?" O vendedor deu um sorriso amarelo e disse para eu esperar o totem voltar a funcionar que meu desejo de compra retornaria como um encanto. Saí de lá rapidinho, lembrei do Pesadelo de Kalimá do filme Indiana Jones e o Templo da Perdição.

Cuidado com os totens movidos a ar, eles emanam ondas misteriosas que embriagam nosso hipotálamo e fazem a gente comprar qualquer coisa. Mais do que um chamariz de venda, o totem poderia ser caracterizado como um golpe, tamanha sua eficiência. Nunca vi coisa igual. Esses gênios maquiavélicos do marketing...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Sudário

Neste sábado eu realizei uma faxina rotineira na minha casa. Não foi nada muito avançado, apenas passei um aspirador e um pano úmido no chão dos quartos, sala, banheiro e cozinha. Como sábado é um dia de descanso, fiz a tal faxina em trajes caseiros como bermuda, camiseta e um par de meias nos pés. Depois de terminar tudo, notei que minhas meias apresentavam uma curiosa e intrigante imagem. Que fenômeno teria gerado aquela imagem tão perfeita da planta dos meus pés? O enigmático Santo Sudário imediatamente veio à minha cabeça. Teria eu sido escolhido como veículo para manifestações da fé? Estaria eu testemunhando um milagre ocorrido bem debaixo dos meus pés? O Sumo Pontífice reconheceria minhas meias como objetos sacros e as poria em exposição na Capela Sistina?

Enquanto fiquei nesta espécie de transe imaginando o que teria criado as imagens nas minhas meias, avistei uma forte luz branca vinda do banheiro. Não olhei diretamente, temendo algum tipo de dano nas minhas retinas. Foi aí que ouvi uma voz angelical que me disse: "O que vês impresso em tuas meias é a sujeira da tua casa. Limpe-a com mais frequência."

sexta-feira, 13 de junho de 2008

O incrível Dr. Lao

O célebre filme que muitos de nós vimos na Sessão da Tarde merece todas as honras. Não só foi uma adaptação competente do livro "O circo do Dr. Lao" como ganhou um Oscar pela maquiagem. O que realmente faz do filme um clássico, é que tiveram a manha de fazer um chinês! Isso lá em 1963, muito antes de George Lucas e Spielberg. O papel principal do filme é interpretado pelo americano Tony Randall, que de chinês não tinha nada, exceto quando comia rolinhos primavera no restaurante Golden Dragon.

Os ETs já sabem que somos babacas



Saiu hoje no Blue Bus: http://www.bluebus.com.br/show/1/84345/o_q_os_ets_vao_pensar_de_nos_depois_disso_filme_foi_pro_espaco

Não vai ser só por causa deste comercial que os ETs vão nos achar estranhos. Isso será só mais uma prova de que aqui na Terra o pessoal não bate bem. Há milênios que os ETs nos observam e nos acham meio babacas. O nosso próprio surgimento já foi uma piada em si, já que o primeiro homem foi feito de barro e a primeira mulher foi feita da costela dele. Só por isso já fomos motivo de piadas intergalácticas por milhares de anos: "Terra? Ah, aquele lugar estranho que tem um cara de barro e uma mulher de osso? Na primeira chuva esse tal de Adão vai sumir... Aquele lugar era bem mais evoluído quando tinha aqueles bichões engraçados, os dinossauros."

A humanidade evoluiu consideravelmente do barro para cá, mas ainda não convencemos os ETs de que somos sérios. A prova disso é que usamos colete e polaina, peças que vestimos mas ao mesmo tempo não estamos usando nada. Compramos roupa de cama estampada sendo que vamos estar dormindo num quarto escuro e nem vamos ver a estampa. Somos os únicos animais na Terra que mesmo depois de adultos continuamos a beber leite, só que de um bovino de meia tonelada que não exatamente se parece com um humano. Usamos pijama com bolso. Levamos nossos doentes dentro de ambulâncias com sirenes ensurdecedoras que mais pioram o estado dos coitados. Tomamos banho e mesmo assim nossas toalhas continuam ficando sujas. Vamos para um local escuro lotado de gente bêbada e suada fumando, cheio de luzes piscando, com um som altíssimo e ainda chamamos isso de diversão. Enfim, este comercial é inofensivo. Não vai melhorar nem piorar o conceito que os ETs já têm da gente.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Pirulito que bate-bate...

Já dizia a canção infantil... Muito interessante o formato de poeminha que fizeram deste aviso, com rima e tudo. Se chegaram ao ponto de escrever isso, é porque pirulitos estavam sendo quebrados nesta pacata lojinha de tranqueiras alimentares ali na rua Augusta. O pior é imaginar por que pirulitos estavam sendo quebrados: azar? ódio? peraltice? reivindicações por menores taxas glicêmicas? alterações na pressão atmosférica e na força de gravidade dentro da loja? Não sei. Só sei que fiquei até com medo de chegar perto dos pirulitos. Confesso que isso inibiu um certo impulso que estava sentindo de comprar um desses. Como diz o ditado: "o seguro morreu de velho". No caso dessa loja é: "o seguro acabou espantando o cliente e o desejo pelo pirulito morreu." Hein?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quebre e fique calmo



Vi isso hoje no Blue Bus: http://www.bluebus.com.br/show/1/84280/vending_machine_para_aliviar_sua_raiva_o_que_vc_acha_disso

Não tenho embasamento científico para provar que quebrar coisas pode acalmar pessoas, mas por observação posso dizer que sim. Recentemente estourei um cano no meu banheiro e tive que chamar um encanador para reparar a idiotice. O profissional chegou em casa meio esbaforido e depois de quebrar cerca de meio metro quadrado de parede, ele ficou visivelmente mais calmo. Começou a conversar e a contar piadas. Se eu soubesse que quebrar parede acalmava, eu mesmo teria feito.

Outro dado interessante que pode comprovar a teoria, é o trabalho de quebrar pedra que dão aos presos. O índice de rebeliões deve ser menor nos presídios que aplicam esta pena. Funcionários de demolidoras devem ser calminhos também. Depois de um dia inteiro de trabalho, chegam em casa mais calmos do que saíram. Estou pensando seriamente em trocar o ambiente dionisíaco da academia por um bico de demolidor ou encanador. Vou ficar bem mais calmo e ainda faturar uma graninha extra.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Crianças e o fumo, uma nova realidade

ABRAM A FOTO PARA VER EM DETALHES

Está liberado o fumo dentro da perua escolar! Nesses tempos de trânsito caótico, nada melhor para relaxar e passar o tempo do que um cigarrinho no caminho para casa. A molecadinha faz a maior algazarra nos bancos da perua enquanto fumam seus Marlborinhos junto com o Tio Alberto, o perueiro. Chegam em casa calminhos e pedindo um cafezinho para suas mamães. No meio da gritaria e do fumacê infantil dentro da perua, claramente podemos ouvir vozes pueris dizendo coisas como "Acende o meu, seu cara de xixi!", "Tem fogo aí, Joãozinho?" ou "Free Light??? O Abílio é mulherzinha!!!"

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Os perigos da beleza


As mulheres são vaidosas por natureza. Não há homem, ou qualquer outra forma de vida, que não admire uma mulher que esteja bem produzida, maquiada com bom gosto, cheirosa... Só que as mulhers, muitas vezes, transcendem a barreira do bom senso e as leis da física para atingir a perfeição estética. Elas correm sérios riscos em busca do tão sonhado padrão de beleza ditado pela mídia e culturalmente já impregnado no DNA feminino. Mais do que uma mulher bonita, nós homens gostamos de mulheres com integridade física preservada.

Quem nunca viu uma mulher se maquiando dentro do carro parado num farol? A hora mais perigosa e inacreditável é quando passam o lápis no contorno dos olhos. E se um carro neste exato momento batesse na traseira? A maquianda mulher teria seu globo ocular sumariamente perfurado, podendo levar à cegueira ou até mesmo a extirpação do órgão. Uma tragédia camoniana. Por outro lado, nós homens nos contorcemos quando um simples cisco cai em nossos olhos, quem diria ter que passar um lápis dentro olho. Mesmo com os ossos da mão quebrados as mulheres sempre acham uma maneira de manter seu ritual de embelezamento, mesmo que isso possa oferecer sérios riscos à sua saúde.

A escova progressiva é um verdadeiro ataque químico que acontece nos crânios femininos. À base de formol, este procedimento, em alguns casos, já levou mulheres à morte. Seus espíritos ficaram com cabelos maravilhosos, diga-se de passagem. Estatisticamente é mais perigoso fazer uma escova progressiva do que domar um leão ou fazer skydiving.

A chapinha é um apetrecho com potencial para ser usado como tortura. Dotada de duas chapas de cerâmica ou metal em forma de pinça que atingem temperaturas infernais, a chapinha é a companheira inseparável das mulheres para o alisamento eficaz de suas madeixas revoltas. Uma vez eu preparei um misto quente de bisnaguinha com uma chapinha. Foi o melhro que já comi. A chapinha poderia ser uma concorrente do George Foreman Grill, viabilizando a preparação de refeições e lanches em tamanho reduzido.

O curvex espanta por sua forma horripilante. Lembrando um fórceps ocular, o curvex nada mais é do que um normatizador de cílios. A primeira vez que vi um curvex sendo utilizado, gritei assustado: "Não arranca o olho!"

Mulheres têm medo de aranha, barata e lagartixa mas enfrentam coisas infinitamente mais perigosas e execráveis para ficarem bonitas. Isso para mim constitui uma incongruência inexplicável. "Ai, tira essa lagartixa daqui!!!!" Como assim tira essa lagartixa? Você acabou de arrancar com uma pinça todos os pêlos da axila e me vem com essa de medo de lagartixa? Com essa sua coragem feminina era para você comer essa lagartixa viva e ainda achar gostoso!
Obs: A foto acima é uma cena real, ou surreal, como queiram. Tati, você não precisa passar por estes rituais perigosos, foste abençoada com a beleza natural. Continue só com o enriquecimento de urânio, é mais seguro. Love U ;-)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Kombi Surrealista

Brasileiro sabe improvisar magistralmente, nascemos com este dom divino e ninguém tasca. Somos tão hábeis na improvisação de assuntos cotidianos como John Coltrane era com seu saxofone. Em muitos casos a improvisação atinge níveis extremos, resultando na gambiarra, vulgo método irresponsável e completamente inapropriado de se fazer alguma coisa. Brasileiro é de vanguarda, descontextualiza, inventa, quebra paradigmas. Infelizmente nem sempre essa capacidade toda é voltada para construir coisas boas, mas essa é uma outra discussão para a qual chamarei Lex Luthor para participar. Se cada país fosse uma corrente artística, o Brasil seria a forma mais pura de surrealismo.

Nesse caso aqui transformaram uma Kombi, um lendário utilitário, em caminhão de lixo. Se eu parasse para conversar com o dono do veículo, provavelmente ficaria sabendo que recolher lixo é apenas uma das diversas atividades realizadas com o tal utilitário. Afinal, é preciso ganhar a vida e uma Kombi pode ser uma boa fonte de renda caso o dono saiba como utilizar seu potencial ao máximo. Vejam como seria a atarefada semana da Kombi:

Segunda-feira: Serviço de transporte de material do Centro de Estudos Avançados sobre Ébola e SARS da América do Sul
Terça-feira: Transporte de hortifrutigranjeiros de um produtor na região de Suzano para o CEAGESP
Quarta-feira: Serviço de ônibus escolar para a Escola Estadual de 1º e 2º grau Dr. Stromboli Pancrázio de Albuquerque
Quinta-feira: Coleta de lixo e dejetos hospitalares
Sexta-feira: Serviços de transporte de idosos para a Casa de Repouso Gil Vicente
Sábado: Serviço de carrocinha e apoio ao centro de zoonoses coletando animais que tenham sido expostos a radiação
Domingo: Venda de dogão prensado e churrasquinho na porta do estádio do Morumbi

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Aventuras no supermercado III - Cro-Magnon é a mãe!

Eis que no meio do açougue do supermercado me deparo com esta cena do período Paleolítico Inferior. Bistecas de porco aleatórias jogadas randomicamente de qualquer jeito. Se a moda pega, vamos ter todos os tipos de produtos completamente esparramados pelos supermercados. Será o modelo "Pega aí, seus animais!". Chega de embalagem, de gôndola. Para quê? Vamos mastigar tudo mesmo, não?

terça-feira, 3 de junho de 2008

Aventuras no supermercado II - Contexto é tudo

Não vou dizer em que seção este display estava nem qual produto ele anunciava. Bati os olhos nele e pensei em todas as outras coisas que ele podia dizer ou anunciar, como:

- Alho Santo Agostinho: "O bafo é seu, o lucro é nosso"
- "Arroto nota 10" (pixação famosa nas ruas de São Paulo nos anos 80)
- "Dizem que se morre pela boca. Viu só a alma dele saindo?" (duas velhinhas fofoqueiras no portão)
- Flatulência. Trate antes que o ar ache saídas alternativas. (campanha do governo)
- "Então eu vou soprar e farei a casinha voar" (Os Três Porquinhos numa montagem Global onde o lobo é algum galã da Malhação)
- Em boca fechada não entra frente fria (ditado popular adaptado pela Climatempo)
- Faça a diferença, seja notado. Coma gorgonzola. (campanha dos produtores de queijo gorgonzola do Vale do Paraíba)

Aventuras no supermercado I - Tony, o cafajeste

Gosto de ir ao supermercado, confesso. É uma grande diversão ficar ali olhando gôndolas, rótulos e o comportamento das pessoas diante daquela infinidade de produtos. Talvez esse meu gosto tenha vindo da época em que ia com meus avós fazer compras. Meu avô Sylvio sempre foi meticuloso, fazia uma detalhada lista e a cada produto colocado no carrinho ele computava na sua moderníssima calculadora financeira da Texas Instruments. Ai da moça do caixa se a conta desse diferente (para mais, é claro) do que a calculadora dele acusava... Minha avó Gerssa é o contrário, fazia compras por impulso, guiada por sua mente facilmente seduzível pela simples exposição dos produtos no ponto de venda. Dá para imaginar como devia ser fazer compras com esses dois, não? De um lado o meu avô com sua racionalidade e controle, não por ser sovina, mas por simplesmente gostar de executar o que ele tinha planejado. Do outro lado minha avó me pedindo para colocar produtos no carrinho sem o meu avô ver. Sempre dava diferença na hora de pagar. Meu avô falava: "Não tem problema em colocar no carrinho, só me avise! Eu preciso saber para fazer a conta certa!" Bons tempos, ótimas lembranças.

Um produto absolutamente clássico para mim é o Sucrilhos. De textura inigualável, o Sucrilhos foi parte de meu café da manhã por muitos anos. "A força de Sucrilhos Kellog's desperta o tigre em você!" O tigre Tony pode não ser um personagem tão carismático quanto o Mickey Mouse, mas certamente é conhecido nos quatro cantos do mundo. Fiquei muito desapontado quando abaixaram as sobrancelhas do Tony, mudando assim sua expressão facial. Antes ele carregava um sorriso sincero, era um tigre bonachão sem ser tonto. Passava a idéia de força com simpatia. Não sei porque cargas d'água resolveram transformá-lo num sujeito com cara de cafajeste! Por isso desisti do Sucrilhos. Não estou a fim de ter um sujeito com cara de sacana me encarando logo pela manhã. Ninguém quer começar o dia assim, intimidado por um felino mal intencionado, já bastam os problemas da vida.

Vender, uma arte de vanguarda

Agora explicaram cientificamente porque mulher de biquini vende que é uma beleza. Ponto para os pesquisadores belgas (http://www.bluebus.com.br/show/2/84093/ver_mulher_de_biquini_estimula_urgencia_em_comprar_alguma_coisa).
É possível que algumas empresas, apoiadas nos resultados desta pesquisa, troquem suas equipes comerciais por mulheres de biquini a fim de alavancarem suas vendas. Até no telemarketing terá mulheres de biquini. Imagina você na sua casa sábado de manhã atendendo o telefone às 9h e uma doce voz feminina diz do outro lado da linha: "Bom dia. Eu estou de biquini! Você gostaria de estar adquirindo nosso maravilhoso conjunto de chaves Allen?"

Agora eu gostaria de ver pesquisas similares para analisar cientificamente o porquê de outros novos clássicos chamarizes de venda como Carlitos de perna-de-pau em lojas de colchão, carros pendurados por guindastes na porta de concessionárias, aqueles bonecos malucos de plástico movidos a ar...

Outro dia eu estava passando na frente de uma loja de colchões e tinha um cara vestido de Carlitos andando de perna-de-pau distribuindo panfletos e anunciando as ofertas. Inexplicavelmente fui tomado por um desejo incontrolável de comprar um colchão novo. Não sei qual parte do meu cérebro foi ativado, mas o Carlitos de perna-de-pau é sem dúvida uma grande força de vendas a ser estudada. Aliás, podiam juntar as coisas e colocar umas mulheres de biquini de perna-de-pau com bigodinho de Carlitos e penduradas num guindaste! Aí vão vender até areia no deserto. Vou patentear a idéia...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Tem algo de errado na maratona

Domingo frio, acordo de manhã e ainda no conforto da cama começo a assitir a Maratona de São Paulo. Os atletas brasileiros triunfaram nas categorias masculino e feminino, deixando para trás os lépidos e fagueiros quenianos. Um verdadeiro espetáculo de profissionalismo e superação.

O único detalhe que sempre me intrigou nas maratonas é o papel dos batedores. Sempre acompanhando o primeiro colocado, os batedores estão lá, com suas motos reluzentes. Não preciso ser nenhuma autoridade em Dinâmica para constatar que o batedor está em menor velocidade do que o corredor líder da prova, pois sempre posiciona-se atrás do referido atleta. Sendo assim, pergunto: Por que os batedores usam capacete se estão em menor velocidade do que uma pessoa correndo vestindo shorts e camiseta regata? Por questões de segurança, deveriam obrigar os atletas a correrem de capacete. Caso, Deus o livre, um atleta caia durante a prova, o aparato de segurança craniana dará a proteção devida ao desafortunado corredor...